sábado, 12 de abril de 2008

Cordel do Fogo Encantado

Olá pessoas! Mil perdões pela demora na atualização do blog, mas esse é o ano da minha monografia, mudei de emprego, estou trabalhando de domingo a domingo e ainda me preparando para me mudar agora em maio... É muita coisa... Fora as atividades práticas cotidianas a que todos estamos sujeitos (lá em casa as baratas estão fazendo passeata por melhores condições de vida... heheh). Enfim... mas continuo firme e forte!!

Hoje eu trouxe para o Lira algo bem da terra que é a banda pernambucana, da cidade de Arcoverde, Cordel do Fogo Encantado.

Conta com um vocalista (Lira Paes) que tem uma voz lindíssima - sem exageros - nítida e clara, aproveitando um sotaque delicioso da terrinha!
A banda na verdade era um grupo teatral formado em 97. As letras são escritas, em grande maioria, pelo prórpio Lirinha e têm uma forte presença dos elementos nordestinos. Também conta com uma espiritualidade profunda, sem falar que as metáforas são, no mínimo, sensacionais!

É... deu pra perceber que eu gosto mesmo do Cordel, não? Algo que também chama a atenção é a qualidade inventiva da percussão: ela é o coração das cançõ
es, dá vida à elas, sempre num ritmo alucinado, num crescente de uma taquicardia em perfeita sincronia com as letras!

Bom, espero que façam o favor de clicar nos links e ouvir porque não dá pra ter dimensão do que é o Cordel do Fogo Encantado sem apreciá-lo com todos os sentidos.

Vamos à primeira melodia, do álbum O Palhaço do Circo sem Futuro (2002):

Quando O Sono Não Chegar

No telhado um letreiro esfumaçado
Candeeiro no peito iluminado
O cigarro no dedo incendiário

O cinzeiro esperando o comentário
Da palavra carvão fogo de vela
Meus dois olhos pregados na janela
Vendo a hora ela entrar nessa cidade
Tô fumando o cigarro da saudade
E a fumaça escrevendo o nome dela
O prazer de quem tem saudade
é saudade todo dia
O prazer de quem tem saudade
é saudade todo dia

Ela é maltratadeira
Além de ser matadeira
ô saudade companheira
De quem não tem companhia
Eu vou casar com a saudade
Numa madrugada fria
Na saúde e na doença
Na tristeza e na alegria
Quando o sono não chegar

No mais distante lugar
No deserto beira mar
Dia e noite noite e dia

A segunda, do álbum Tranfiguração (2006):

Sobre As Folhas (ou Barão Nas Árvores)

Contarei a história do barão
Que comia na mesa com seu pai
Era herdeiro primeiro dos currais
Mas gritou num jantar
"Não quero nada! Nada!"
Nesse dia subiu num grande galho
Nunca mais o barão pisou na terra

Passou anos e anos na floresta
Andou léguas e léguas sobre as folhas
Construiu sua casa feito ninho
Beijou sua mulher perto das nuvens
Um concreto bordado nas alturas
Com manobras de amor no precipício

Quando amanheceu entre dois prédios
De pastilhas brancas e tandos andares
Ficaste bem mais distante
A luz, a sombra, a luz, vermelha, da roupa, da aurora...

Soube nessa madrugada do homem
Que não quis os minérios do pai
E não quis os segredos farpados da mãe
Subiu numa planta, no alto da pedra
Bem perto daqui,
E ficou por lá.

As duas últimas do Transfiguração também.

Morte e Vida Stanley

Na madrugada de vento seco
No clarão da grande lua prateada
No recôncavo do sol
Na montanha mais longe do mar
Numa serra talhada espinho fechado coivara caieira vereda
Distancia da rua
Mato cerca pedra fogo faca lenha
Cerca bote bala bote bala bote senha
Tabuleiro tabuleiro em pó
Na pedra dos gaviões
Uma mulher deitada
O nome é Maria
A dor conduzindo o filho terceiro
Nas garras do mundo sem guia
Vai nascer outro homem
Ouviram
Vai nascer outro homem
Outro homem

O seu nome é Stanley
Mais um filho da pedra dos gaviões
Da montanha
Do recônvavo do sol
E eu aqui vou cantar
Sua morte sua vida
Seu retrato sem cor
Seu recado sem voz

Morte e vida Stanley
Morte e vida Stanley
Morte e vida Stanley
Morte e vida

Outro homem

O seu nome é Stanley
Mais um filho das pedras dos gaviões
Mais um homem pra trabalhar
Na cidade sem sol
E eu aqui vou cantar
Sua morte sua vida
Seu retrato sem cor
Seu recado sem voz

Transfiguração

A paixão é um mar
Parabólica
Dilatada
Estrada que dói
Encanto de flor
Labirinto
Espera de redes
Parece toda raiz
Só raiz
Quando não canta o trovão
Transfiguração

Com a sua pele sagrada
A sua boca sagrada
E a sua vida no chão

Volta que esse mundo só precisa de você
Volta outro homem nunca assim vai te chamar
Não fique ai enterrada
Não fique ai enterrada
Vem pra rua

Ah! Quase esqueço de mencionar: vocês provavelmente já conhecem a banda. No filme "Lisbela e o Prisioneiro" - Guel Arraes, a trilha sonora é do Cordel com a música "O amor é um filme".
Quem quiser conhecer mais é só acessar o site do Cordel

<-- Aqui do lado tem as tradicionais barrinhas de vídeo com os clipes do youtube.

E pode visitar também o blog antigo:
http://lirasantista.blog.terra.com.br/
Beijão, pessoas!!!!

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